Por

João Dantas

Um ano sem Ana Sophia: a cronologia do crime com motivação sexual que comoveu a PB

O desaparecimento da menina Ana Sophia, de oito anos de idade, completa um ano nesta quinta-feira (4). Ela foi vista pela última vez no distrito de Roma, localizado em Bananeiras, interior da Paraíba, onde morava com a família. O Portal T5 preparou uma linha do tempo para detalhar os desdobramentos desse caso que causou comoção nacional.

4 de julho: O desaparecimento

Por volta do meio-dia, Ana Sophia pediu à mãe para brincar na casa de uma amiga, algo rotineiro para a criança. Trajando um vestido azul florido, ela se despediu da mãe e partiu para o que deveria ser uma tarde inocente de brincadeiras.

Segundo a família, em uma comunidade pequena onde todos se conhecem, Ana Sophia estava acostumada a fazer esse trajeto. Entretanto, as coisas tomaram um rumo inesperado.

As câmeras de segurança registraram Ana Sophia conversando com uma amiga, mas a menina não retornou para casa. As últimas imagens a mostram entrando na casa de Tiago Fontes Silva Rocha, principal suspeito, confirmadas após perícia. O desaparecimento foi registrado na noite do mesmo dia.

5 de julho: Início das buscas

A Polícia Civil, com apoio da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, iniciou as buscas no dia seguinte ao desaparecimento. A casa onde Ana Sophia foi vista passou por varreduras com cães farejadores e perícia. Uma força-tarefa foi mobilizada, utilizando recursos como drones, helicóptero, mergulhadores e até retroescavadeira.

6 de julho: Buscas no açude

Mergulhadores juntaram-se às buscas considerando a presença de um açude próximo à residência da criança. Infelizmente, sem sucesso.

7 de julho: Buscas na mata

A investigação se estendeu para uma área de mata próxima ao distrito, com a colaboração da delegacia de homicídios de João Pessoa. Perícias foram realizadas em residências vizinhas, mas sem resultados conclusivos.

9 de julho: Novos trabalhos em açude

Os bombeiros retomaram as buscas em um açude na região, utilizando uma retroescavadeira para reduzir o volume da água.

10 de julho: Reforço nas buscas

Equipes do Corpo de Bombeiros de João Pessoa foram enviadas para reforçar as buscas. O delegado Diógenes Fernandes confirmou o encerramento das buscas no açude, mas Ana Sophia continuava sendo procurada na região.

13 de julho: Boatos negados pela polícia

Rumores sobre a mãe e a irmã de Ana Sophia serem levadas para a delegacia foram disseminados, mas logo após, desmentidos pela Polícia Civil.

14 de julho: Mandado de busca em pousada

A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros cumpriram um mandado de busca em uma pousada, sem resultados imediatos.

18 de julho: Poço revisitado

O 3° Batalhão de Bombeiro Militar revisitou um poço nas buscas, sem sucesso.

28 de julho: Força-investigativa

Uma força-investigativa com 11 agentes foi anunciada pela Polícia Civil para intensificar as investigações.

15 de agosto: Coleta de DNA da mãe

O material genético da mãe de Ana Sophia foi coletado pelo Instituto de Polícia Científica para auxiliar na investigação.

31 de agosto: Buscas e apreensões em casas de Roma

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em imóveis do distrito de Roma, em Bananeiras.

11 de setembro: Desaparecimento de jovem

Um jovem, esposo da vice-diretora da escola onde Ana Sophia estudava, teve sua casa vistoriada pela polícia e, posteriormente, desapareceu. A polícia trata o caso como desaparecimento e não como suspeito.

20 de setembro: Prisão temporária solicitada

A polícia solicitou a prisão temporária de Tiago Fontes Silva Rocha por homicídio qualificado.

22 de setembro: Coletiva com detalhes do caso

A polícia realizou uma coletiva detalhando o caso até o momento, confirmando que Ana Sophia entrou na casa de Tiago, sendo a última vez vista viva. A suspeita é de que ela tenha sido morta dentro da residência e levada para outro local.

14 de novembro: Confirmação da morte do suspeito

A Polícia Civil confirmou em coletiva que Tiago Fontes foi o autor do assassinato de Ana Sophia. Detalhes foram revelados, mas a verdade completa pode ter sido enterrada com o suspeito.

O delegado Aldrovilli Grisi, um dos responsáveis pelo caso, destacou a complexidade das investigações, ressaltando que, embora Tiago Fontes esteja morto, alguns detalhes fundamentais permanecerão enterrados com ele. No entanto, a polícia utilizou o trabalho de perícia e dados coletados pelo serviço de inteligência para traçar uma cronologia do crime, baseada em evidências.

Cronologia do Assassinato: Entendendo os fatos

  • 12h de 4 de julho: Ana Sophia pede à mãe para brincar na casa de uma amiga no distrito de Roma. O último contato conhecido da menina foi por volta do meio-dia.
  • 12h34 de 4 de julho: Ao chegar à casa da amiga, Ana Sophia é informada que as pessoas estão de saída. Neste momento, ela inicia o retorno para casa.
  • 12h36 de 4 de julho: Uma câmera de segurança capta a última imagem nítida de Ana Sophia, cerca de 150 metros antes de uma casa onde um vulto é visto entrando. Esse local coincide com a entrada da casa de Tiago Fontes.
  • 12h50 de 4 de julho: Não é possível determinar com exatidão o horário da morte, mas os delegados sugerem que ocorreu pouco depois de Ana Sophia entrar na casa de Tiago Fontes.
  • 17h50 de 4 de julho: Tiago Fontes sai para trabalhar. A polícia suspeita que Ana Sophia já estava morta e que o corpo foi ocultado provisoriamente em sua casa.
  • 18h08 de 4 de julho: Tiago chega ao trabalho após um desvio não usual em seu trajeto. Investigações indicam que ele teria ocultado provisoriamente o corpo de Ana Sophia em uma área de mata próxima.
  • 4h40 de 5 de julho: Tiago inicia pesquisas sobre decomposição de corpo humano, ocultação de cadáver e estágios de decomposição.
  • 5h08 de 5 de julho: Tiago sai do trabalho antes do habitual, não retornando pela rota usual.
  • 7h de 5 de julho: Tiago retorna a Roma, momento em que possivelmente realiza a ocultação final do corpo de Ana Sophia em uma estrada de barro de difícil acesso.
  • 7h37 de 5 de julho: Continuação das pesquisas no celular, desta vez sobre crimes similares, incluindo assassinato, estupro e desaparecimento de crianças.

Os investigadores não descartam a possibilidade de crimes sexuais contra a menina, mas ressaltam que a complexidade do caso exige uma análise minuciosa.

16 de novembro: Ossada encontrada na região

A investigação sobre o desaparecimento da pequena Ana Sophia, de oito anos, teve mais um capítulo no dia 16 de novembro com a descoberta de uma ossada na zona rural de Bananeiras, na Paraíba. O Corpo de Bombeiros foi acionado para realizar a operação, mas exames confirmaram que o material era de origem animal.

12 de dezembro: ossos e tecido com sangue

Na continuidade das investigações do caso Ana Sophia, resultados preliminares dos exames realizados nos ossos e no tecido encontrados na área de mata em Bananeiras, interior da Paraíba, na semana passada, apontaram que não é material humano.

Apesar de todos os acontecimentos, a Polícia Civil da Paraíba, juntamente com as demais forças de segurança, continua a trabalhar para encontrar a menina. As investigações e buscas prosseguem.

A Investigação

Segundo a polícia, foram realizadas análises técnicas de vestígios digitais, perícias técnico-científicas, além da coleta de provas testemunhais, análise de imagens de câmeras de vigilância e outras diligências.

Ainda segundo a polícia: “meses antes do acontecimento criminoso, Tiago já planejava detalhes da execução do homicídio. Provas técnicas comprovam que quatro meses antes da morte de Sophia ele já pesquisava informações detalhadas sobre ‘partes íntimas’ de meninas e ‘mortes por esganadura’ de crianças com a mesma idade de Ana Sophia”, diz o texto compartilhado com a imprensa.

Depois que a menina desapareceu, a polícia informou que ele pesquisou sobre métodos para ocultar o cadáver da criança, como descarte e processo de decomposição.

“Tiago detinha razoável conhecimento tecnológico”, informa a Polícia. “Ele possuía várias contas de e-mails e formatava com frequência seu aparelho celular. Nas redes sociais, Tiago costumava acessar perfis de meninas na mesma faixa etária de Ana Sophia”, completa.

Conclusão das Investigações

A Polícia Civil da Paraíba anunciou no dia 2 de maio deste ano que o inquérito do caso Ana Sophia foi oficialmente concluído. O relatório confirma que Tiago Fontes Silva da Rocha matou a garota e ocultou seu corpo. Ainda segundo o documento, dois meses depois da morte da menina, o autor do crime cometeu suicídio por enforcamento. O corpo ou os restos mortais da garota, no entanto, nunca foram encontrados.

O desaparecimento de Ana Sophia permanece como uma dolorosa memória para o Distrito de Roma, em Bananeiras, e também para todo o Brasil, que sofreu junto com a família ao acompanhar cada desdobramento do caso.

Cariri In Foco
com Portal T5

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