A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema da Saúde após investigação do esquema de falsificação de certificados de vacina da Covid-19. O pedido de indiciamento é sigiloso e foi revelado pela jornalista Daniela Lima, do site G1.
Além de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, que era seu principal ajudante de ordens, e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB) também integram a lista de indiciados pelos dois crimes. Contra Cid pesa ainda a acusação pelo crime de uso de documento falso.
Com o indiciamento, Bolsonaro e os demais envolvidos figuram oficialmente como investigados no inquérito.
Os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistemas públicos de informações, pelos quais Bolsonaro foi indiciado, têm penas somadas de até 15 anos de prisão.
Além de Bolsonaro, Cid e Reis, a lista montada pela PF ainda apontam outras 14 pessoas como parte do esquema e, portanto, indiciados. São eles:
- Gabriela Santiago Cid, esposa da Mauro Cid;
- Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército que integrava a equipe de Mauro Cid;
- Farley Vinicius Alcântara, médico que teria emitido cartão falso de vacina para a família de Cid;
- Eduardo Crespo Alves, militar;
- Paulo Sérgio da Costa Ferreira;
- Ailton Gonçalves Barros, ex-major do Exército;
- Marcelo Fernandes Holanda;
- Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias;
- João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias;
- Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro;
- Max Guilherme Machado de Moura, assessor e segurança de Bolsonaro;
- Sergio Rocha Cordeiro, assessor e segurança de Bolsonaro;
- Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora de Duque de Caxias;
- Célia Serrano da Silva.
Relembre o esquema
As investigações apontam que os dados do cartão de vacinação do ex-presidente, da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, da filha do casal, Laura Bolsonaro teriam sido fraudados. Mauro Cid, sua esposa e filhos também se beneficiaram do mesmo crime.
A quadrilha, sob a batuta do ajudante de ordens, teria inserido dados falsos sobre a vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS, do Ministério da Saúde. Bolsonaro teria ciência dos fatos.
A PF descobriu que o usuário de Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, emitiu pelo menos quatro certificados de vacinação fraudulentos em nome ex-presidente. Os documentos foram emitidos um dia após a inserção dos dados falsos no sistema.
Dias depois da emissão, Bolsonaro e sua família viajaram para Orlando, nos Estados Unidos, onde a comprovação da vacinação era obrigatória para a entrada no país. Os cartões de vacina foram posteriormente apagados.