Por

João Dantas

Paciente afirma que recebeu colírio vencido para tratar infecção após mutirão oftalmológico em Campina Grande

Uma paciente relata que recebeu um medicamento vencido para tratar sintomas de uma infecção ocular, após participar de um mutirão oftalmológico em um hospital público de Campina Grande. O Ministério Público da Paraíba confirmou que recebeu a denúncia e está apurando a situação. 

Em contato com a reportagem, o presidente da Fundação Rubens Dutra negou as acusações de que teria fornecido colírio para a paciente específica ou qualquer outro paciente. Afirmou também que não é de obrigação da empresa comprar medicamentos e, sim, do Estado. 

Por meio de uma nota, a Secretaria de Estado de Saúde da Paraíba (SES) disse não ter nenhuma informação oficial sobre o caso. 

Errta Rianny, de 43 anos, passou por um procedimento ocular no dia 15 de maio, durante o mutirão oftalmológico, e começou a apresentar sintomas de infecção dois dias depois. Segundo ela, ao procurar a Fundação Rubens Dutra Segundo, recebeu um colírio com validade expirada em janeiro. Ela sentiu dores intensas e afirma ter perdido a visão temporariamente. 

Ela contou a reportagem que só decidiu verificar a data de validade do medicamento após um parente de outro paciente alertar que também havia recebido um remédio vencido. 

Errta relatou que acordou dois dias depois do procedimento, no sábado (17), com dores intensas. Procurou o Hospital de Trauma de Campina Grande, mas foi orientada a retornar ao Instituto Rubens Dutra. Lá, passou por uma nova avaliação, e a médica realizou uma ultrassonografia no olho afetado. Em seguida, a profissional entregou cinco novos colírios, entre eles, um estava vencido. 

“Eu usei o colírio vencido até terça-feira, porque o médico daqui dispensou todos os medicamentos. Não por saber que estavam vencidos, já que essa informação não havia chegado até ele, mas porque ele prescreveu outros, que estamos usando no olho”, explicou Errta. 

No domingo, Errta recebeu uma nova injeção no olho. “A médica levou as pacientes novamente para o Hospital das Clínicas, para injetar um antibiótico. Só que não teve médico da anestesia. Foi, para a gente, uma dor… uma dor que nunca senti na minha vida”, relembrou. 

Errta está internada no Hospital Metropolitano de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, desde 20 de maio. A equipe médica informou que o quadro está apresentando melhora aos poucos, mas será necessário continuar com o acompanhamento diário. 

A paciente ainda não conseguiu ir até a delegacia para relatar os problemas que enfrentou após o mutirão oftalmológico, mas afirma que denunciou a entrega de medicamentos vencidos ao Ministério Público da Paraíba (MPPB). O órgão anunciou, no dia 20 de maio, que abriu uma investigação sobre o caso. 

Nesta quarta-feira (28), o MPPB também confirmou que os medicamentos recebidos pela paciente foram enviados para Vigilância de Saúde para análise. Segundo o Ministério Público, a promotoria responsável aguarda o resultado desta averiguação para emitir parecer. Além disso, o órgão confirmou que a denúncia está sendo apurada dentro do mesmo procedimento instaurado para apurar todos relatos dos problemas enfrentados pelos pacientes do mutirão. 

Os medicamentos vencidos

Parte dos medicamentos usados em um mutirão oftalmológico que aconteceu no Hospital de Clínicas em Campina Grande, estava vencida. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), após pacientes que passaram por procedimentos no mutirão relatarem infecção e perda de visão. 

De acordo com a SES-PB, ao menos 6 dos 30 frascos da medicação utilizada estavam vencidos e abertos. Há indícios de que os medicamentos vencidos foram usados no mutirão oftalmológico realizado na última quinta-feira (15). 

Ao todo, 64 pacientes foram submetidos ao procedimento, executado no Hospital de Clínicas de Campina Grande através de um contrato da SES-PB com a empresa Fundação Rubens Dutra Segundo. O contrato com a empresa foi rompido após a repercussão do caso. 

A fundação nega que usou medicamentos vencidos e afirma que, desde o momento que tomou conhecimento do problema, começou uma busca ativa dos pacientes sintomáticos.

CARIRI IN FOCO

Com G1 Paraíba

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