Por

João Dantas

MPPB recomenda manter arquivamento das investigações sobre desaparecimento de Ana Sophia

O Ministério Público da Paraíba recomendou, nesta segunda-feira (21), manter o arquivamento das investigações sobre o desaparecimento de Ana Sophia, ocorrido há dois anos no distrito de Roma, em Bananeiras. Segundo o promotor do caso, não surgiram fatos novos que justifiquem a reabertura do caso. 

Dois anos após o desaparecimento de Ana Sophia, a família da menina pediu que o caso volte a ser investigado. O corpo da menina nunca foi encontrado. O principal suspeito do crime, Tiago Fontes, está morto. 

O promotor Edmilson de Campos Leite Filho, responsável pelo parecer, afirmou ao g1 que os advogados não apresentaram nenhum fato novo e que o arquivamento do inquérito seguiu o trâmite normal. Segundo o promotor, a família recebeu um prazo para recorrer da decisão de arquivamento das investigações, no entanto, esse prazo transcorreu. 

Segundo o promotor, todas as linhas de investigação, incluindo a possibilidade de envolvimento de outras pessoas no crime, foram devidamente exploradas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público ao longo do inquérito. Ele também afirma que todas as evidências reunidas apontam para Tiago Fontes como o autor do crime. 

Ainda de acordo com ele, ouvir novamente as testemunhas não representa um fato novo, e a alegação de que o corpo da criança não foi encontrado também não justifica a reabertura do caso. Segundo Edmilson de Campos Leite Filho, não é possível desarquivar o inquérito sem uma informação crucial que aponte o envolvimento de outra pessoa como possível autora do crime. 

“Outras linhas investigativas também foram traçadas, foram efetivamente encaminhadas pela polícia judiciária e pelo Ministério Público no decorrer da investigação, e todos os caminhos, todas as linhas investigatórias, apontaram para o Tiago Fontes como o autor do terrível homicídio que vitimou Ana Sophia”, destacou o promotor.

O parecer do Ministério Público será encaminhado à Justiça, que vai decidir se há fundamentos para a reabertura das investigações. 

Família pede reabertura das investigações

Os pais da criança, João Simplício e Maria do Socorro, afirmam que não concordaram com o arquivamento do inquérito e cobraram a continuidade das investigações. “Eu peço, em nome do Senhor Jesus, que ele releia esse inquérito. Tenho fé em nosso Senhor Jesus Cristo que eles vão ver, porque tem gente ali, aqueles depoimentos que precisavam ser ouvidos novamente”, afirmou a mãe. 

Os advogados da família alegam que fatos importantes deixaram de ser analisados. Eles pedem que a polícia investigue linhas de investigação que não foram seguidas, ouça novamente testemunhas e apure pontos que, segundo eles, ficaram sem esclarecimento na época. Por causa do sigilo do inquérito, eles afirmaram que não poderiam dar detalhes sobre o que é questionado pela família. 

“Encontramos muitos fatos que deixaram de ser analisados, muitas pistas que não foram seguidas. Então, decidimos que é necessário que se reabra esse inquérito”, afirmou a advogada Vera Franco. 

A Polícia Civil trata o inquérito como encerrado. As investigações da corporação apontaram que Ana Sophia foi morta em um crime premeditado, com motivação sexual. O inquérito segue sob sigilo. 

Em nota, a Polícia Civil afirmou que o caso foi devidamente elucidado e que a investigação foi conduzida com rigor técnico, resultando na produção de provas periciais e testemunhais, que tornaram possível a identificação do autor do crime. 

Ainda segundo a polícia, diversos recursos investigativos e tecnológicos, contando ainda com o apoio da Polícia Federal, contribuíram com elementos periciais relevantes. A Polícia Civil também informou que o relatório final foi acolhido pelo Ministério Público, que determinou o arquivamento do caso, considerando a solidez das provas reunidas. 

“Não tive chance de sepultar o corpo de Ana Sophia”

A família lamenta nunca ter recebido informações sobre o paradeiro de Ana Sophia e sofre por não ter conseguido sepultar a criança. 

“A pessoa não sabe realmente o que aconteceu, é o que mata, é o que mata. Porque Tiago Fontes está morto, a família para lá sabe onde ele está sepultado. E eu? E eu que não tive nem chance de sepultar o corpo da minha Ana Sofia”, afirma a mãe. 

No Distrito de Roma, em Bananeiras, onde a criança desapareceu, também há dúvidas sobre o que aconteceu. Fica uma sensação de vazio e um sentimento de tristeza. O empresário Washington Araújo lembra da menina indo a panificadora dele com as primas. 

“Uma criança, ela vinha de vez em quando ela vinha comprar, fazer compras aqui, comprar pães com as primas delas e ficou esse clima de tristeza, um local muito pequeno, onde todo mundo se conhece”, contou o empresário.

Já a vizinha de Ana Sophia, Severina Cardoso, ainda lembra da menina brincando na rua. “Ela brincava com a menina do outro vizinho de lá, mas nunca fez nada uma com a outra. Ia para o colégio e do colégio para aqui”, conta.

CARIRI IN FOCO

Com G1 Paraíba

Compartilhe com seu amigos essa notícia

WhatsApp
Facebook

Outras notícias...